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O Nobre Caminho Óctuplo


Dentro da quarta nobre verdade se encontra o guia para o fim do sofrimento: o nobre caminho óctuplo. As oito partes do caminho para a liberação são agrupadas em três elementos essenciais da prática budista - conduta moral, disciplina mental e sabedoria. O Buda ensinou o caminho óctuplo em virtualmente todos os seus discursos, e suas instruções são tão claras e práticas para seus seguidores hoje quanto eram quando ele as deu pela primeira vez.

O NOBRE CAMINHO ÓCTUPLO

Compreensão correta ( Samma ditthi)

Pensamento correto ( Samma sankappa )

Fala correta ( Samma vaca ) 

Ação correta ( Samma kammanta )

Meio de vida correto ( Samma ajiva ) 

Esforço correto ( Samma vayama )

Atenção plena correta ( Samma sati )

Concentração correta ( Samma samadhi )

Praticamente todo o ensinamento do Buda, ao qual ele se dedicou durante 45 anos, trata de uma forma ou de outra com este caminho. Ele explicava de diferentes maneiras e com palavras diferentes para pessoas diferentes, de acordo com o estágio de seu desenvolvimento e sua capacidade de compreendê-lo e segui-lo. Mas a essência desses muitos milhares de discursos espalhados nas escrituras budistas é encontrada no nobre caminho óctuplo.

Não se deve pensar que as oito categorias ou divisões do caminho devam ser seguidas e praticadas uma após a outra na ordem numérica dada na lista usual acima. Mas devem ser desenvolvidos mais ou menos simultaneamente, tanto quanto possível, de acordo com a capacidade de cada indivíduo. Eles estão todos interligados e cada um ajuda no cultivo dos outros.

Esses oito fatores visam promover e aperfeiçoar os três fundamentos do treinamento e disciplina budista: a saber: (a) conduta ética (s ila ), (b) disciplina mental (s amadhi ) e (c) sabedoria ( panna ). Portanto, será mais útil para uma compreensão coerente e melhor das oito divisões do caminho se as agruparmos e as explicarmos de acordo com essas três cabeças.

CONDUTA ÉTICA

A conduta ética (sila) é construída sobre a vasta concepção de amor universal e compaixão por todos os seres vivos, na qual se baseia o ensinamento do Buda. É lamentável que muitos estudiosos se esqueçam deste grande ideal dos ensinamentos do Buda e se entreguem apenas a divagações filosóficas e metafísicas áridas quando falam e escrevem sobre o budismo. O Buda deu seu ensinamento "para o bem de muitos, para a felicidade de muitos, por compaixão pelo mundo." 

De acordo com o budismo, para um homem ser perfeito, existem duas qualidades que ele deve desenvolver igualmente: compaixão ( karuna ) de um lado e sabedoria (panna) do outro. Aqui, a compaixão representa o amor, a caridade, a bondade, a tolerância e tais qualidades nobres no lado emocional, ou qualidades do coração, enquanto a sabedoria representaria o lado intelectual ou as qualidades da mente. Se alguém desenvolve apenas o emocional, negligenciando o intelectual, pode se tornar um tolo de bom coração; ao passo que desenvolver apenas o lado intelectual [e] negligenciar o emocional pode transformar a pessoa em um intelecto de coração duro, sem sentimentos pelos outros. Portanto, para ser perfeito, é preciso desenvolver ambos igualmente. Esse é o objetivo do modo de vida budista: nele a sabedoria e a compaixão estão inseparavelmente ligadas, como veremos mais tarde.

Agora, na conduta ética (sila), baseada no amor e na compaixão, estão incluídos três fatores do nobre caminho óctuplo: a saber, fala correta, ação correta e modo de vida correto.

FALA CORRETA

A fala correta significa abstenção (1) de mentir, (2) de calúnia, intrigas e conversas que podem trazer ódio, inimizade, desunião e desarmonia entre indivíduos ou grupos de pessoas, (3) de ser rude, indelicado, malicioso, com linguagem abusiva, e (4) de tagarelice e fofoca ociosa, inútil e tola. Quando alguém se abstém dessas formas de discurso errado e prejudicial, naturalmente tem que falar a verdade, tem que usar palavras que sejam amigáveis ​​e benevolentes, agradáveis ​​e gentis, significativas e úteis. Não se deve falar descuidadamente: a fala deve ser na hora e no lugar certos. Se não se pode dizer algo útil, deve-se manter “nobre silêncio”.

AÇÃO CORRETA

A ação correta visa promover uma conduta moral, honrada e pacífica. Ela nos admoesta que devemos nos abster de destruir a vida, de roubar, de negociações desonestas, de relações sexuais ilegítimas, e que devemos também ajudar outros a levar uma vida pacífica e honrada da maneira certa.

MEIO DE VIDA CORRETO

Meio de vida correto significa que se deve abster-se de ganhar a vida com uma profissão que prejudica os outros, como o comércio de armas e armas letais, bebidas intoxicantes ou venenos, matar animais, trapacear, etc., e deve viver por uma profissão que é honrada, irrepreensível e inocente de danos aos outros. Pode-se ver claramente aqui que o budismo se opõe fortemente a qualquer tipo de guerra, quando estabelece que o comércio de armas e armas letais é um meio de vida mau e injusto.

Esses três fatores (discurso correto, ação correta e modo de vida correto) do caminho óctuplo constituem a conduta ética. Deve-se perceber que a conduta ética e moral budista visa promover uma vida feliz e harmoniosa tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. Essa conduta moral é considerada o fundamento indispensável para todas as realizações espirituais superiores. Nenhum desenvolvimento espiritual é possível sem esta base moral.

DISCIPLINA MENTAL

Em seguida, vem a disciplina mental, na qual estão incluídos três outros fatores do caminho óctuplo: a saber, esforço correto, atenção plena correta e concentração correta. (Nºs 6, 7 e 8 na lista).

ESFORÇO CERTO

O esforço correto é a vontade energética (1) de impedir o surgimento de estados mentais nocivos e (2) de se livrar de tais estados nocivos que já surgiram dentro de um homem, e também (3) para produzir, para fazer surgir, estados mentais bons e benéficos ainda não surgidos, e (4) para desenvolver e trazer à perfeição os estados mentais bons e benéficos já presentes em um homem.

ATENÇÃO PLENA CORRETA

A atenção plena correta é estar diligentemente consciente e atento com relação a (1) as atividades do corpo ( kaya ), (2) as sensações ou sentimentos ( vedana ), (3) as atividades da mente ( citta ) e ( 4) ideias, pensamentos, concepções e coisas ( dhamma ).

A prática da concentração na respiração ( anapanasati ) é um dos exercícios mais conhecidos, ligados ao corpo, para o desenvolvimento mental. Existem várias outras maneiras de desenvolver a atenção em relação ao corpo como modos de meditação.

No que diz respeito às sensações e sentimentos, deve-se estar claramente ciente de todas as formas de sentimentos e sensações, agradáveis, desagradáveis ​​e neutras, de como eles aparecem e desaparecem dentro de nós. No que diz respeito às atividades da mente, deve-se estar ciente se a mente é luxuriosa ou não, dada ao ódio ou não, iludida ou não, distraída ou concentrada, etc. Desta forma, deve-se estar ciente de todos os movimentos da mente, como eles surgem e desaparecem.

No que diz respeito às ideias, pensamentos, concepções e coisas, deve-se conhecer sua natureza, como aparecem e desaparecem, como são desenvolvidos, como são suprimidos, destruídos e assim por diante.

Essas quatro formas de cultura mental ou meditação são tratadas em detalhes no Satipatthana Sutta (Configuração da Atenção Plena).

CONCENTRAÇÃO CORRETA

O terceiro e último fator da disciplina mental é a concentração correta, levando aos quatro estágios de Dhyana , geralmente chamados de transe ou recuperação. No primeiro estágio de Dhyana, os desejos apaixonados e certos pensamentos prejudiciais como luxúria sensual, má vontade, languidez, preocupação, inquietação e dúvida cética são descartados, e os sentimentos de alegria e felicidade são mantidos, junto com certas atividades mentais. Então, no segundo estágio, todas as atividades intelectuais são suprimidas, a tranquilidade e a “concentração” da mente são desenvolvidas e os sentimentos de alegria e felicidade ainda são retidos. No terceiro estágio, o sentimento de alegria, que é uma sensação ativa, também desaparece, enquanto a disposição de felicidade ainda permanece, além da equanimidade atenta. Finalmente, no quarto estágio de Dhyana, todas as sensações, mesmo de felicidade e infelicidade, de alegria e tristeza, desaparecem, restando apenas pura equanimidade e consciência.

Assim, a mente é treinada, disciplinada e desenvolvida por meio do esforço correto, da atenção plena e da concentração correta.

SABEDORIA

Os dois fatores restantes, a saber, pensamento correto e entendimento correto, constituem a sabedoria no nobre caminho óctuplo.

PENSAMENTO CORRETO

O pensamento correto denota os pensamentos de renúncia altruísta ou desapego, pensamentos de amor e pensamentos de não violência, que se estendem a todos os seres. É muito interessante e importante notar aqui que os pensamentos de desapego abnegado, amor e não violência estão agrupados do lado da sabedoria. Isso mostra claramente que a verdadeira sabedoria é dotada dessas nobres qualidades, e que todos os pensamentos de desejo egoísta, má vontade, ódio e violência são o resultado de uma falta de sabedoria em todas as esferas da vida, seja individual, social ou política.

ENTENDIMENTO CORRETO

O entendimento correto é a compreensão das coisas como elas são, e são as quatro nobres verdades que explicam as coisas como realmente são. O entendimento correto, portanto, é, em última análise, reduzido ao entendimento das quatro nobres verdades. Esse entendimento é a sabedoria mais elevada que vê a Realidade Suprema. De acordo com o budismo, existem dois tipos de compreensão. O que geralmente chamamos de “compreensão” é o conhecimento, uma memória acumulada, uma apreensão intelectual de um assunto de acordo com certos dados dados. Isso é chamado de “conhecer de acordo” ( anubodha ). Não é muito profundo. Real compreensão profunda ou "penetração" ( pativedha) é ver uma coisa em sua verdadeira natureza, sem nome e rótulo. Essa penetração só é possível quando a mente está livre de todas as impurezas e totalmente desenvolvida por meio da meditação.

A partir deste breve relato do nobre caminho óctuplo, pode-se ver que é um modo de vida a ser seguido, praticado e desenvolvido por cada indivíduo. É autodisciplina de corpo, palavra e mente, autodesenvolvimento e autopurificação. Não tem nada a ver com crença, oração, adoração ou cerimônia. Nesse sentido, não tem nada que possa ser popularmente chamado de "religioso". É um caminho que leva à realização da Realidade Suprema, à liberdade completa, felicidade e paz por meio da perfeição moral, espiritual e intelectual.

Fonte

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Sobre o Autor:
Luciana Costa Escritora e Terapeuta holístico. A saída é para dentro.

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